domingo, 12 de fevereiro de 2012

Onde foram parar nossas mortalhas?

Juntávamos a turma e começávamos a planejar onde seria o QG do carnaval.
Precisava ser na casa de alguém que morasse perto da Barra, um bairro tradicional e margeado pelo mar de Salvador.
Depois do local escolhido e permitido por pais e mães, que geralmente viajavam pra Itaparica, faziamos nossas malinhas e durante 5 dias viviamos um mundo de magia.
Então começávamos a ouvir muito todas as rádios para aprendermos direitinho as músicas que iriamos cantar em coro enlouquecidamente quando o trio passasse.
E tinha mais..... as coreografias.
Vocês acham que a gente não se reunia antes e criávamos passinhos para remexermo-nos freneticamente na hora dos refrões?
"Assim já é demais, eu não posso ficar sem a nega. Ela me bate, me xinga, me ama. faz trama na cama e me deixa suado."
Tudo marcadinho.
Passo por passo.
Lindo, lindo.
Na casa da amiga, tudo tinha que estar organizado.
Cada uma levava um prato de comida preparado em casa para ajudar nos mantimentos do QG.
Afinal, éramos geralmente mais de cinco e voltávamos da farra famintas.
O percurso que faziamos era enorme.
Do Farol até Ondina.
Tênis surrado.
Short da DIMPUS até a cintura.
Pochete de Bali.
Camisetinha colorida.
E uma bandana que fazíamos de cinto, colar, top.
Pelas ruas, a multidaão seguia atrás dos trios independentes.
E a gente, juntas, na PIPOCA.
Numa felicidade absurdamente intensa.
Acenávamos para as pessoas nas janelas.
Para os amigos dos nossos pais que sempre estavam nos restaurantes ou hotéis com copos de whisky na mão.
Cerveja pra gente era o bastante.
Os meninos, quando se interessavam, vinham com um pedacinho de pano e spray gelado pra gente cheirar.
A intenção era que, depois do presentinho déssemos um beijo como recompensa.
"Lança menina, lança todo esse perfume..."
Sob olhares e proteção das amigas, aceitávamos e muitas vezes, fugiamos rindo.
Viamos toda orla da Barra e seu mar azul maravilhoso.
Ao chegarmos no final do circuito, voltávamos descabeladas, suadas que nem cuzcuz, mas gargalhando por causa dos paqueras que tinhamos conhecido.
Dos futuros possíveis namorados
Papo pra conversar a noite toda quando chegávamos, ainda elétricas, em casa.
Comiamos a lasanha que a mãe de Dany tinha feito e dormiamos sonhando com o domingo que sairiamos com a mortalha no EVA.
Era só tocar a música hino pra pularmos abraçadas e com os olhos cheios de água de tanta felicidade.
"Minha pequena Eva, o nosso amor na última astronave, além do infinito eu vou voar....."
E o único camarote que a gente queria, era o das redes de televisão que filmavam nossa alegria.
E era assim, amizade incluida, mãos dadas pra atravessar cordeiros, dinheiro embolado no bolso, mortalha com cheiro de tinta, flores no cabelo.
Sim era tudo isso.
Isso era All Inclusive.
Saudades
Beijos
Syl

Em homenagem a : Ady Barretto, Loly, Teca Gonzaga, Dany Daltro, Mila Regis, Ju Pinto, Carolina Brasil, Mari e Faby Mattedi, Paula Dumet, Carol Boni, Dani Choucate, Kiliana e Gaby.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Existe amizade entre homem e mulher?

Existe?
Será?
Olha bem, nem eu sei.
Não estou querendo fazer bagunça, nem defendendo, sei lá o quê.
Mas eu tenho um grande amigo.
Até agora, tenho um amigo que sabe muito, muito de mim.
Muito.
Arrisco dizer que, sabe mais do que grande parte das minhas amigas sabem...
Vixe...
Tchan rannnnnnnn
Orelhinhas em pé....
Dessa forma, ele é um grande amigo.
Nunca tocou em mim.
Me conhece há anos.
Não sei se é fiel.
Mas a mim, é leal.
O que me deixa tranquila, pois considero lealdade mais importante que fidelidade.
Pensem na diferença.
Sutil, mas existe.
Prometi pra ele um presente.
E meu melhor presente são minhas palavras.
Por isso, dedico a ele esse texto.
Onde quer que ele esteja, esta é minha declaração.
Uma declaração de amor.
Ele me conheceu moleca.
Hoje, uma mulher.
Conversamos sobre tudo.
TUDO.
E sobre esse tudo, ele tem em mim, a cumplicidade.
Xuxu, estou aqui.
Pro que der e vier.
Em português e inglês.
Te adoro.
Beijinhos
Syl